quarta-feira, 11 de junho de 2008

Existe apenas um fato mais agradável do que não fazer nada durante um dia inteiro. É saber que você terá um dia inteiro para fazer absolutamente nada. E é o que explica a felicidade implícita, contida muito mais na véspera da folga do que no dia da folga em si.

Eu possuo uma carga horária de trabalho de 8 horas diárias e um endereço comercial para constar nos autos da justiça. O que no dia do julgamento, perante a juíza, não querendo dizer nada, não querendo dizer nada, não vai dizer nada mesmo.

Por hora, eu estou tecnicamente posicionado em alguma coisa parecida com o purgatório. Uma imensa sala de espera com paredes pintadas de bege e tocando Wave do Tom Jobim. O que só serve mesmo pra aumentar a angustia. Ao invés do contrario. E esperando por um teologúmeno que me retire de lá sem nenhuma explicação sensata, ou uma explicação idiota como a do Cristianismo para retirar os velhos do Antigo Testamento que jaziam mofados no purgatório, já que tiveram a infelicidade de não serem contemporâneos de Jesus, tendo todos morrido sem aceitar alguém que nem havia nascido.

E nascimento por nascimento, tem o do meu filho, que todo mês entre os dias 15 e 22, ameaça vir. E por hora, só ameaça. E pensando bem, de todos os filhos que eu quase tive, houve um pelo qual me apaixonei. Ele não viria salvar ninguém. E nem tirar ninguém do purgatório. O nome dele era João e eu quase o tive com umas três mulheres. Agora eu quero uma menina e o nome dela será Alice.