quinta-feira, 15 de maio de 2008

Fragmento de Uma Vida pouco Válida.


Essa semana, além de sobreviver a vários períodos emocionantes do meu dia e descobrir que todos eles são absolutamente medíocres, acabei por assinar no final de uma folha, onde dizia em letras grandes e negrito: “indiciado”. Agora existem duas formas deu estar completamente fodido com as leis da República Federativa do Brasil. Uma delas é se eu for realmente condenado. E a outra é se eu viajar para fora do país e for considerado um foragido da justiça. Como em toda minha eu só fiz duas viagens internacionais, e em nenhuma delas eu estava acordado, a minha mãe só vai se preocupar em me levar broas e cigarros na Polinter, caso eu encontre uma juíza rancorosa e mal comida no dia do julgamento. Ou que entenda de legislação. O que vai tornar minha mãe, fatalmente uma pessoa pouco confiante.

Em toda minha vida houve duas ou três ocasiões em que eu estivesse realmente confiante. Uma, me lembro bem, me fodi completamente. E em outra foi quando disseram que o Radiohead viria. Bem, o Radiohead não veio. Talvez o Radiohead venha quando eu estiver preso e avaliando bem, deste modo, prefiro mesmo é que o avião da banda cai sobre o estádio do Morumbi, neste momento tão insólito. Então fico assim: Otimismo é para os fracos.

Agora eu tenho oficialmente um motivo para não fazer nenhum concurso público. Dirigir embriagado ou engravidar uma menina de 11 anos. Preciso repensar certos conceitos. Ser um criminoso é uma merda. Mas ser um criminoso não julgado é uma merda maior ainda, pelo sentimento irrestrito de repudio sádico que você acaba aplicando a si mesmo nesse meio tempo de paria da sociedade ou inocente injustiçado. E nessa vida plenamente ordinária, já tive ocasiões onde pude ser muitas coisas, embora em nenhuma delas lembro-me de ter sido viado ou inocente. No meio em que vivo, provavelmente eu não vá conseguir comer ninguém além das pessoas que já me relaciono sexualmente com esse papo de criminoso. Mas agora não custa tentar. Disso tudo não tenho nada a perder. A não ser de 6 meses a 2 anos.

domingo, 4 de maio de 2008

Completamente Indevido

A minha namorada é linda. Embora ao lado dela, eu inutilize 70% da minha inteligência, capacidade de raciocínio lógico e discernimento do imbecil, ainda assim ela me fascina. Durante toda minha vida eu não tive muitas mulheres, embora tenha tido as mesmas mulheres várias vezes. No final do ano passado, percebi que se contasse por alto, não me lembraria de todas as mulheres com quem fiz sexo. Se eu parar pra pensar e analisar detalhadamente, me lembro, mas assim por alto, não. E é extremamente compreensível afirmar que fiquei feliz nesse momento único de minha jornada ordinária.

Ao longo do ano passado, em que estive solteiro, de todas as mulheres com quem pequei contra a castidade, teve uma que foi indiscutivelmente a melhor. Todas as vezes que fazíamos sexo, sempre tive a clara impressão de que ela me fodia bem mais que eu fodia com ela. E isso era lindo. Ela gostava de apanhar e me pedia gritando que eu a batesse com força. Bater pode ser uma coisa legal, mas como eu nunca gostei de apanhar paramos de sair depois de vários confrontos e após ela ter dito que me amava. Nenhuma pessoa com bom senso pode amar alguém que bata na sua cara. Eu não argumentei isso com ela.

Passei algumas semanas saindo com uma mulher que já é mãe. Apesar dos seus 20 anos ela acabou me confessando que só tinha uma filha porque na verdade já havia abortado outras duas. Logicamente eu me assustei com toda essa fertilidade dela e desde então não me arrisquei mais. Hoje ela não fala mais comigo. Confesso que me lembro saudoso das noites que ela me proporcionou.

Houve uma mulher que reencontrei depois de anos e estava noiva. Foi tudo muito rápido. Da adição no MSN a subtração dos meus fluidos corporais foram duas semanas. E ela estava noiva. Ela dizia que sempre me amou e estava confusa com o reencontro. Eu gostei disso. Depois que fizemos sexo ela não falou mais nada e não saímos mais nenhuma vez. E eu gostei muito mais disso. Ela só queria mesmo era me dar e eu achei isso lindo. Senti que aquilo era a revolução chegando com 48 anos de atraso, mas era a revolução. Lindo.

Durante toda a sua vida você vai ter quatro ou cinco ocasiões pra ser realmente inesquecível na vida de alguém. Todas as outras ocasiões você só conseguirá mesmo é ser totalmente ordinário e indevido. Sendo assim, tenho por verdade, um ano praticado da arte suprema de ser ordinariamente indevido. E me desculpe se por ventura cruzei teu caminho. Eu sou completamente indevido.