Essa semana, além de sobreviver a vários períodos emocionantes do meu dia e descobrir que todos eles são absolutamente medíocres, acabei por assinar no final de uma folha, onde dizia em letras grandes e negrito: “indiciado”. Agora existem duas formas deu estar completamente fodido com as leis da República Federativa do Brasil. Uma delas é se eu for realmente condenado. E a outra é se eu viajar para fora do país e for considerado um foragido da justiça. Como em toda minha eu só fiz duas viagens internacionais, e em nenhuma delas eu estava acordado, a minha mãe só vai se preocupar em me levar broas e cigarros na Polinter, caso eu encontre uma juíza rancorosa e mal comida no dia do julgamento. Ou que entenda de legislação. O que vai tornar minha mãe, fatalmente uma pessoa pouco confiante.
Em toda minha vida houve duas ou três ocasiões em que eu estivesse realmente confiante. Uma, me lembro bem, me fodi completamente. E em outra foi quando disseram que o Radiohead viria. Bem, o Radiohead não veio. Talvez o Radiohead venha quando eu estiver preso e avaliando bem, deste modo, prefiro mesmo é que o avião da banda cai sobre o estádio do Morumbi, neste momento tão insólito. Então fico assim: Otimismo é para os fracos.
Agora eu tenho oficialmente um motivo para não fazer nenhum concurso público. Dirigir embriagado ou engravidar uma menina de 11 anos. Preciso repensar certos conceitos. Ser um criminoso é uma merda. Mas ser um criminoso não julgado é uma merda maior ainda, pelo sentimento irrestrito de repudio sádico que você acaba aplicando a si mesmo nesse meio tempo de paria da sociedade ou inocente injustiçado. E nessa vida plenamente ordinária, já tive ocasiões onde pude ser muitas coisas, embora em nenhuma delas lembro-me de ter sido viado ou inocente. No meio em que vivo, provavelmente eu não vá conseguir comer ninguém além das pessoas que já me relaciono sexualmente com esse papo de criminoso. Mas agora não custa tentar. Disso tudo não tenho nada a perder. A não ser de 6 meses a 2 anos.